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LIDO NO "CORREIO DA MANHÃ", hoje

Sábado, 07.04.07

 

Artigo de Emídio Rangel*, lido no "Correio da Manhã," de hoje
 
 
 E com o qual eu concordo plenamente:
 
 
«Há muitos anos que luto por uma Ordem de Jornalistas e se ela já existisse e estivesse consolidada, é óbvio que os jornalistas que, de forma ignóbil, usaram os seus jornais para lançarem insinuações difamatórias, que nunca provaram a respeito de José Sócrates, sobre questões ligadas à sua dignidade e honorabilidade, já estariam impedidos de exercer esta profissão. A luta política tem regras. O mau jornalismo tem limites. E tal como foi um exercício despurado o que se escreveu sobre a orientação sexual do primeiro- ministro e o que se especulou nos jornais sobre o caso “Freeport” é igualmente um puro acto de vandalismo a campanha que se vem fazendo para o desacreditar, com mais uma insinuação grave, relacionada com as suas habilitações académicas. O primeiro-ministro devia ter vindo logo a público desmontar de forma categórica esta movimentação, mas percebo que, estando em curso uma investigação à Universidade Independente, a sua opção tenha sido a de manter silêncio até que os inspectores do Ministério terminassem a avaliação da situação na UnI. É lamentável, profundamente lamentável, o que o “Público” fez e escreveu, lançando dúvidas sobre dúvidas, sem nunca chegar a conclusão nenhuma. Apesar de ter tido acesso ao dossier de Sócrates na UnI, por autorização do próprio, apesar de terem sido fornecidos fotocópias de diplomas e certificados de habilitações, apesar de terem sido prestados todos os esclarecimentos, o “Público” não teve a coragem de explicar de forma categórica que Sócrates tem um percurso universitário incontroverso. É licenciado em Engenharia. Fez os primeiros quatro anos no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra. A seguir concluiu mais um ano no Instituto de Engenharia de Lisboa. E por último, pedidas as equivalências, frequentou mais cinco cadeiras, consideradas essenciais para a conclusão da licenciatura. A carreira universitária de Sócrates foi ainda mais valorizada no ano seguinte com um MBA em gestão de empresas, no ISCTE, que concluiu com 17 valores. Como foi possível ao “Público” semear tanta ambiguidade sobre esta matéria evitando tirar a única lição óbvia? A minha perplexidade é tal que a meio desta “campanha” não deixei de pensar na estranha coincidência entre o que se estava a passar e a derrota de Belmiro de Azevedo na OPA da PT. Tal como não me passaram despercebidos os ataques do “Público” à Caixa Geral de Depósitos, a Joe Berardo, a Nuno Vasconcelos e a Jorge Neto, todos eles em oposição à Sonae na PT. Esta página negra do jornalismo com métodos próprios de Inquisição, atribuindo ao visado o ónus da defesa em vez de provar as suas acusações, não havendo Ordem dos Jornalistas, devia ser levada a tribunal.
P.S. – O “Expresso”, que parasitou vergonhosamente o “Público” e reforçou as insinuações, podia ter sido mais sério, porque também teve acesso à documentação e dispôs de mais tempo para escrever. Preferiu chafurdar na mesma lama e deixar a sua autoproclamada condição de jornal de referência nas ruas da amargura.»
* jornalista

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publicado por Filomena às 13:23