AVELAR
Pelo sonho é que vamos! Chegamos? Não chegamos? Partimos. Vamos. Somos. http://mapas.sapo.pt/?M=39.92398,-8.35684,16,Z
Já não há amores assim...
Sábado, 03.05.08
As orações de Soror Maria da Pureza (XIV)
... “Soror Maria da Pureza parecia-se com a Mariazinha, com a noiva-menina dum noivo-morto, como duas gotas de água caídas da mesma fonte, como dois raios de Sol tombados na mesma flor, mas não era ela. Não, não era ela...
Pelos claustros, onde se ouvia o gorgeio dum veiozinho de água que se perdia numa moita de lírios roxos abandonado, Soror Maria da Pureza sorria e falava.
As outras monjas ouviam-na, ficavam-se enlevadas a escutar: «Porque me calo?» dizia ela.
«- Avé-maria, cheia de graça... Se a minha luz te ilumina, se o meu clarão te incendeia, tu és o sol que se reflecte em mim. As minhas formas foram criadas, assim imateriais, para que revestissem um espírito onde tu és amor e adoração, como um manto de rendas sobre um vestido de prata. Quando eu passo, as flores acorrem todas à beira do caminho, recolhidas e graves, de mãos postas, a incensar-me, para que eu seja toda pureza ao aproximar-me de ti. Avé-maria, cheia de graça!»
Começou a correr com insistência no convento, entre as freiras e as educandas, que Soror Maria da Pureza compunha orações mais lindas, mais fervorosas que as orações de Santa Teresa. Todas as monjas corriam a ouvi-la quando no seu banco, onde a vinha virgem se enlaçava ao tronco carcomido duma acácia que já não dava flores, balbuciava, sorrindo, com as diáfanas mãos em cruz no peito.” ... continua
in “As máscaras do destino” de Florbela Espanca
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Já não há amores assim...
Sexta-feira, 02.05.08
As orações de Soror Maria da Pureza (XIII)
... “E assim passaram longos meses, e chegou o dia em que a Mariazinha professou. Sob o hábito, que lhe ficava tão bem como um vestido de noivado, tinha estranhas parecenças com uma Nossa Senhora do convento que, numa capelinha cheia de luz à direita do altar-mor, sorria a um menino que lhe estendia os braços.
Nessa noite, quando Mariazinha entrou na solidão da sua cela branca, quando se deitou na dura enxerga que devia ser até à morte o seu fofo leito de penas, quando Mariazinha adormeceu, acordou Soro Maria da Pureza.” ... continua
in “As máscaras do destino” de Florbela Espanca
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Um Dia Grande
Quinta-feira, 01.05.08
1.º de Maio
Grande, devido a ser o Dia Mundial do Trabalhador, dia de luta e de reivindicações, dia de liberdade e de combate pelos direitos de trabalhadores, direitos esses que vemos ser tão desrespeitados ao longo dos tempos.
Mas, é também Dia Grande para o concelho de Ansião e para os seus governantes que vêem completa a obra tão desejada como é a requalificação das zonas envolventes da nascente do rio Nabão.
Esta obra, depois de ter passado por várias vicissitudes e ter estado em risco de não ser realizada, por falta de verbas, é hoje inaugurada com pompa e circunstância.
Hoje é também o Dia da Espiga (5.ª-feira da Ascenção), feriado concelhio, dia de dar um passeio aos campos, apanhar a espiga – ramo feito com flores do campo (papoilas,alecrim, margaridas, lírios...), e com uma espiga de trigo, uma espiga de aveia ou cevada, e um raminho de oliveira (símbolo do desejo de um bom ano agrícola e de fartura) – e de comer uma boa merenda à sombra de um carvalho ou de uma oilveira.
Ficam aqui algumas imagens do Nabão, aquando, depois de cheio o algar onde se espraia, apareceu à superficie e encheu os canais acabados de construir e que regularizam o seu leito numa vasta extensão, paralela ao IC8.