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Ranking das Escolas

Domingo, 22.11.09

 

Recentemente um familiar meu estava debruçado sobre um jornal que publicava o ranking das escolas, para assim decidir qual a futura escola da filha.
Não é para isto que os rankings servem!
Um encarregado de educação pode, e deve, escolher a escola de um filho (onde isso é possível) com base na sua história, nas suas metodologias, no prestígio do seu corpo docente, nos seus currículos, nas suas actividades, nos seus cursos, nas suas instalações, na disciplina e regras, nos equipamentos, na segurança que existe na escola e imediações, nas actividades extracurriculares, nas actividades de apoio à família, nos transportes, etc, etc.
Nos rankings não. Então estes não servem para nada? Servem.
Servem para eu, professor, comparar o meu trabalho com o do colega, se as nossas turmas se puderem considerar semelhantes. Servem para eu, director de uma escola, comparar os resultados da minha escola com os da outra escola vizinha, se os grupos e realidades sociológicas forem comparáveis…. Servem para “obrigar” os professores a cumprirem os programas e, porque não, os alunos a dominá-los. Servem, em suma, para os intervenientes no processo ensino/aprendizagem (professores, alunos e pais) questionarem o seu trabalho. (Não deveriam servir para vender jornais, para abrir telejornais, nem para malhar nos professores…)
Também é preciso explicar que rankings há muitos, tal como dizia o Vasco Santana dos chapéus. E também há formas legais, e outras nem tanto, de se melhorarem os resultados, mas sobre estas não me vou debruçar.
O ranking, que foi publicado há algumas semanas, é o ranking das médias dos exames. Podiam ser apresentados outros rankings (e refiro-me apenas ao 3.º ciclo):
·         O das escolas com maior percentagem de positivas;
·         O das escolas com mais cincos;
·         O das escolas com mais quatros;
·         O das escolas que têm menos níveis um;
·         O das escolas cujo desfasamento entre a avaliação interna e externa é menor;
·         O das escolas que têm mais alunos carenciados e apoiados;
·         O das escolas cujas habilitações dos Encarregados de Educação é maior;
…. Ainda consigo arranjar, pelo menos mais oito critérios diferentes mas não quero maçar.
Voltando ao ranking que foi publicado, o das médias, não resisto a contar a velha anedota do sr. A e do sr. B, em que tendo o primeiro comido dois frangos e o segundo nenhum, chegou o primeiro à conclusão que, em média, comeu um frango cada um.
O indicador “média” é talvez o mais usado. Contudo, pode esconder (ou encobrir) certas realidades.
Vamos fazer um exercício, caro leitor: na escola X há quatro alunos com as “notas” de exame (2,2,2,5) e na escola Y há também quatro alunos com as notas (2,2,3,3). De que escola o senhor se sentiria mais orgulhoso de ser Director? Pense um bocadinho antes de continuar a leitura. A média da primeira escola é superior à da segunda, mas, atendendo a que no primeiro caso há apenas vinte e cinco por cento de positivas e no segundo há cinquenta por cento, eu talvez esteja inclinado a optar pela segunda. Mas se a situação for (2,2,3,4), cuja média é igual à da primeira escola, eu sem reservas opto por esta.
Termino endereçando parabéns aos alunos que obtiveram boas notas e às escolas mais bem classificadas no ranking.
Na minha escola:
Qualquer uma das técnicas possíveis de seriar escolas pode ter o seu interesse, contudo, é preciso explicar muito bem como foi feita.

(prof. Eduardo Rego, licenciado em Matemática, subdirector da Escola 2,3 de Avelar)

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publicado por Filomena às 19:21