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A vida da Rainha Santa

Segunda-feira, 18.07.16

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Ano de 1270 – em 11 de Fevereiro, nasce em Saragoça. É filha de Pedro III de Aragão e de D. Constança de Hohenstaufen, princesa da Sicília. A infanta Isabel era famosa pela sua beleza e virtudes, era conhecida e falada nas várias cortes de reis e príncipes, e foram muitos os pretendentes à sua mão.

Ano de 1281 – em 11 de Fevereiro, casa-se por procuração, devido à instabilidade política, D. Dinis não pudera ir buscar a sua noiva a Aragão. O mesmo faz o rei em 24 de Abril do mesmo ano.

Ano de 1282 – em Maio D. Isabel inicia a sua vinda para Portugal acompanhada de numeroso séquito de clérigos, ricos cavaleiros, damas e donzelas. A comitiva seguiu para Trancoso. Aqui foram realizadas as bênçãos nupciais a 24 de Junho. As festas prolongaram-se por vários dias com justas e torneios de cavaleiros, actuação de saltimbancos e comediantes, trovadores e jograis. Terminadas as festas, o jovem casal veio para Coimbra.

Ano de 1283 – em Abril, fundou o Mosteiro de Santa Clara, junto à margem do rio Mondego.

Nos anos seguintes fez várias doações e legados em Santarém, Torres Vedras, Óbidos, Odivelas, Leiria, funda o albergue de Alenquer, presta assistência a pobres e doentes. Vende grande parte das suas jóias para, com o dinheiro daí resultante, poder comprar, no estrangeiro, cereais para abastecer os celeiros do convento, e distribuir pelas gentes esfomeadas do reino que acorriam a Coimbra, devido às grandes secas.

Intervém, como mediadora, em vários conflitos e lutas do seu marido e outros familiares de uma forma permanente.

A espiritualidade da Rainha tem fortes raízes franciscanas que encontra a sua melhor expressão na Ordem de Santa Clara, fundada nos princípios do século XIII e cujos pilares eram a paz e a caridade

Ano de 1287 – nasce a Infanta D. Constança

Ano de 1291 – nasce o Infante D. Afonso, futuro rei.

Não lhe faltaram desgostos, desavenças e até foi desterrada por determinação do marido.

Nas alegrias e tristezas encontrava sempre consolo na oração e na caridade.

Ano de 1325 – morre D. Dinis. Fica assim mais livre para socorrer os pobres e praticar a piedade. A rainha passa viver no seu paço de Santa Clara, paredes meias com o Mosteiro. Determina ser aqui enterrada, manda fazer o seu túmulo, coberto de uma estátua jacente, envergando o hábito das Clarissas e com as insígnias da romaria que fez a Santiago de Compostela, a escarcela das esmolas, o bordão e a vieira. É feito em pedra de Ançã, num único bloco, com 3 metros de comprimento, 1,35m de largura e 1,12m de altura.

Ano de 1336 – morre a 4 de Julho com 66 anos em Estremoz, depois de mais uma vez tentar a paz entre o filho D. Afonso IV e o neto Afonso XI, rei de Castela.

Regressa a Coimbra, onde chega a 11 desse mês. Nem os dias de caminho, nem o calor, nem os acidentes da viagem, durante a qual o caixão, envolto em pele de boi, sofreu naturais balanços, alteraram a compostura do seu corpo, nem a morte nele se fez sentir. E quando abriram as protecções para o colocarem no túmulo, verificaram que dele emanava um suavíssimo perfume.

Ano de 1516 – em 15 de Abril o Papa Leão X proclamou a sua beatificação, reconhecendo as suas virtudes exemplares. Inicialmente, o culto religioso da Beata D. Isabel estava circunscrito apenas às igrejas e mosteiros da diocese de Coimbra. A pedido de D. João III, todas as dioceses do reino tiveram autorização pontifícia para celebraram o culto, que festejavam assim o dia 4 de Julho com missa e ofício.

Ano de 1559 – Dona Catarina determina que a Universidade realize um préstito anual com missa e solene pregação.

Ano de 1560 – A abadessa de Santa Clara fundou a Confraria de Santa Isabel, que além da oração, comprometia-se a realizar duas procissões solenes.

Ano de 1612 – procede-se pela primeira vez à abertura do túmulo, verifica-se que o seu corpo continuava incorrupto. O Bispo- Conde de Coimbra, D. Afonso de Castelo Branco, ficou tão admirado com o corpo incorrupto de Santa Isabel, que prometeu fazer-lhe um túmulo em prata e cristal, para que a Rainha Santa “se possa ver sem ser tocada”.

Ano de 1625 – em 25 de Maio é canonizada pelo Papa Urbano VIII.

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Ano de 1647 – D. João IV ordena a construção de um novo mosteiro, num local mais alto, Alto de Santa Clara, uma vez que o mosteiro de Santa Clara, devido ao assoreamento do rio, estava a ficar em ruínas.

Ano de 1677 – faz-se a trasladação, com grande cerimonial, do corpo da Rainha Santa, do mosteiro velho para o novo. Assistiram a nobreza, o corpo docente da Universidade, representantes das corporações religiosas e todo o episcopado português.

A igreja é uma obra barroca, de uma só nave. Está sepultada num túmulo de prata que substituiu o de calcário, fica no altar da capela-mor, onde também sobressai a escultura da rainha, pintada, em mogno.

A urna de prata escapou às guerras napoleónicas por ter sido metida, habilmente, num esconderijo numa das paredes do próprio convento.

Ano de 1771 – D. José estatuiu que a procissão solene se realizasse entre a igreja monástica e uma das igrejas de Coimbra.

Ano de 1883 – Dificuldades económicas, tanto da confraria como da parte dos comerciantes que enfeitavam as ruas, fizeram com que a procissão e respectiva festa se realizasse apenas de dois em dois anos, como ainda hoje acontece.

Ano de 1894 – é inaugurado um novo andor de talha dourada. O anterior era muito tosco e junto da imagem da Santa Isabel ia também uma imagem de um pobre. No novo andor vai só a imagem da Rainha Santa, mas a beleza do andor fez esquecer a ausência do pobre.

Ano de 1896 – A Rainha D. Amélia oferece à Confraria da Rainha Santa uma imagem esculpida por Teixeira Lopes. A partir de agora passa esta imagem a ser transportada em todas as procissões.

Anos 30 -  O corpo, que permanecia intacto foi mandado isolar, deixando apenas à vista a mão direita. A partir daqui, apenas se remove uma cortina que deixa ver a mão, porque dizem os antigos que nunca foi exposta sequer às pessoas da família real seus descendentes mais do que a mão para ser beijada.

Ano de 1996 – A mão da Rainha Santa é mostrada, nos 300 anos da sagração da igreja da Rainha Santa.

Ano 2000 – De novo se mostra a mão porque foi ano de jubileu.

Ano de 2012 – Neste ano a mão é mostrada para celebrar os 400 anos da primeira abertura do túmulo.

2016 - Este ano é o Ano Santo da Misericórdia e comemoram-se os 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel, mais uma vez, vai ser exposta a mão da Rainha Santa.

O túmulo passou a ser visitado pelos membros da família real em cada deslocação que faziam a Coimbra, para beijar a mão da rainha.

Um túmulo difícil de abrir porque sempre que alguém da família real vinha a Coimbra trazia uma das chaves, porque o túmulo tinha três chaves: uma confiada ao bispo de Coimbra, outra à abadessa e outra ao rei.

Uma mão seca pelo tempo, mas ainda com carne ligada às ossadas, que é descoberta, com autorização do bispo, apenas em ocasiões especiais.

O culto da Rainha Santa foi sempre muito querido a toda a população portuguesa e tem vindo sempre a aumentar desde que foi declarada beata e depois canonizada. São muitos milhares de devotos, nacionais e estrangeiros, muitas as congregações e as instituições que integram as procissões nas grandes festas, realizadas sempre em Julho, ­­nos anos pares.

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(Fontes: Programa das Festas 2016 e TSF)

 

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publicado por Filomena às 15:21